A dor no ombro é um sintoma muito comum na prática ortopédica. Diferentemente de articulações como o joelho e o quadril, o ombro apresenta um suporte ósseo insuficiente, dependendo exclusivamente de ligamentos e tendões para sua estabilidade. Ao mesmo tempo, é a articulação mais móvel do corpo humano, exigindo ativação constante de seus músculos e tendões.
Podemos dividir as dores do ombro em dois grandes grupos: as dores de origem muscular, que acometem principalmente a região posterior, mais frequentemente o músculo trapézio e os estabilizadores da escápula; e as dores articulares, que geralmente aparecem na parte anterior e lateral do ombro, desencadeadas por alterações da cartilagem, ligamentos ou tendões.

As alterações do manguito rotador são a causa mais frequente das dores articulares do ombro. Manguito rotador é o nome que se dá a um conjunto de quatro tendões que envolvem a cabeça do úmero. Podemos dizer que o manguito funciona como uma capa que traciona a cabeça do úmero, realizando os movimentos de elevação e rotação do ombro.
Além disso, tem a função de estabilizar a cabeça do úmero para que outros músculos mais potentes, como o deltóide e o peitoral, façam sua função.
Bursite é o nome que se dá à inflamação da bursa, ou bolsa, que é uma película que recobre o manguito rotador, diminuindo o atrito sob o túnel ósseo por onde os tendões deslizam. Diferentes situações, como movimentos repetitivos de elevação do ombro, sobrecarga articular, tendinites ou rupturas do manguito causam atrito da bursa sob o túnel ósseo, levando à inflamação.
A bursite, em geral, é consequência das disfunções do manguito e não o fator inicial do quadro de dor. As tendinites e rupturas do manguito estão relacionadas a fatores biológicos, como uma menor vascularização do tendão, e fatores mecânicos, como o estreitamento do túnel ósseo de deslizamento do tendão. Além disso, fatores extrínsecos, como traumas de repetição por esforços repetitivos, lesões esportivas e traumas de maior energia, geralmente estão envolvidos.
O tratamento da tendinites do manguito rotador e bursite é realizado de acordo com o estágio da lesão. Em fases agudas, com maior reação inflamatória, o uso de antiinflamatórios e a diminuição de esforços físicos é indicado. Nessa fase, a infiltração com anestésico e corticóide é uma alternativa para regressão dos sintomas. Em estágios menos agudos ou crônicos, o tratamento é focado em reabilitação do ombro, com reforço muscular, estabilização escapular e progressão para treinamento funcional, de acordo com a progressão da reabilitação.