Causas
A bursite é a causa mais comum de dor no ombro. É causada pela inflamação da bursa, um tecido que reveste os principais tendões do ombro (manguito rotador). Além da inflamação, ocorre aumento da quantidade de líquido no interior da bursa (bolsa), o que também contribui para o aumento da dor. As principais causas de bursite são:
- Movimentos repetitivos do ombro , principalmente acima do nível da cabeça
- Esforços mais intensos que o habitual
- Perda de massa muscular causando mal posicionamento do ombro e sobrecarga dos tendões
- Causas inflamatórias sistêmicas, como artrites e doenças reumatológicas
Diagnóstico
A bursite é confirmada na avaliação clínica e por exames de imagem como ultrassom ou ressonância magnética. O tratamento da bursite é realizado por diversas medidas que diminuem o processo inflamatório e o atrito sobre a bursa do ombro.

Medidas de prevenção e tratamento
1. Identificar os padrões de movimento que causam sobrecarga
É comum existir algum padrão de movimento que tenha iniciado a bursite. Muitas vezes não percebemos situações de sobrecarga enquanto estamos realizando o movimento. A musculatura aquecida faz com que a percepção de dor seja menor, mesmo existindo atrito sobre a bursa. A primeira medida para a resolução da bursite é a identificação destes padrões e a modificação de hábitos e posturas que causam a sobrecarga.
2. Anti-inflamatórios: uso na fase aguda, por curto período
Os anti-inflamatórios podem ser utilizados no tratamento inicial da bursite. Medicamentos como diclofenaco, nimesulida, cetoprofeno, entre outros, aliviam os sintomas na fase de crise de dor. No entanto, os remédios não diminuem a inflamação completamente e podem causar a impressão equivocada de que o problema está resolvido. Os anti-inflamatórios devem ser usados por poucos dias e devem ser interrompidos logo que a dor começar a diminuir.
3. Meios analgésicos locais - qual o melhor, gelo ou calor?
A dúvida sobre a aplicação de gelo ou calor sobre o ombro doloroso é comum. A aplicação de bolsa de gelo (crioterapia) é indicada principalmente sobre pontos dolorosos mais localizados, áreas inchadas e quentes, com processo inflamatório evidente. Já o calor é utilizado para dores mais difusas, sem um ponto específico, e contraturas musculares. No caso da bursite, na fase aguda existe um processo inflamatório evidente, e o gelo é mais indicado. Já após alguns dias costuma existir dor difusa sobre a musculatura e o calor pode ser aplicado.
4. Fisioterapia - métodos analgésicos e ativação muscular
A fisioterapia é uma forma bastante eficiente de tratar a bursite. Na fase aguda, as medidas analgésicas locais contribuem para diminuição do processo inflamatório e diminuem contraturas musculares. Conforme existe melhora da dor limitante inicial, é importante ativar cada vez mais a musculatura abaixo do limiar de dor. O ombro com atrofia muscular apresenta mais sobrecarga dos tendões, mais atrito sobre a bursa e acabam demorando mais tempo para responder ao tratamento.
5. Infiltração com corticóide
A infiltração consiste na "injeção" do medicamento anti-inflamatório diretamente no ombro. A ação do corticóide ocorre diretamente sobre a bursa inflamada, causando diminuição da inflamação e reabsorção do líquido acumulado. Dependendo da quantidade de líquido existente, pode ser realizada aspiração para diminuição do volume. A infiltração é realizada nos casos em que o quadro inflamatório é intenso ou na falha das outras medidas de tratamento.

** O diagnóstico correto é o primeiro passo para o sucesso do tratamento da dor no ombro. Cada caso deve ser avaliado individualmente. Se a sua dor persistir mesmo após medidas iniciais, procure seu médico.
Conheça o Profissional
Dr. Fernando Brandão de Andrade e Silva
CRM-SP: 112045
- Graduação em medicina pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP).
- Especialista em cirurgia do ombro e cotovelo pelo Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas da FMUSP (IOT-HCFMUSP).
- Doutorado em Ortopedia pelo Departamento de Ortopedia e Traumatologia da FMUSP (DOT-FMUSP).
- Título de especialista pela Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT).
- Título de especialista em cirurgia do ombro e cotovelo pela Sociedade Brasileira de Cirurgia do Ombro e Cotovelo (SBCOC).
- Médico do Grupo de Ombro e Cotovelo do Hospital da Clínicas da USP. Atuação na área de ensino e pesquisa.
- Dr Fernando atua no tratamento das lesões do ombro e cotovelo, há mais de 15 anos, e desenvolve pesquisas na área, no Departamento de Ortopedia da USP.
